A FATIA

Talho o tempo com cortes imprecisos.

Fatias escondidas nas mãos de lutas lunares

escorrem como barracos ante a caprichos de deuses.

Cuidados de jardim no trêmulo coração.

E meus olhos tentam beber o troféu, a sobra.

Ao saber do fruto recalcitrante,

surge um olhar desesperado

sobre o quase nada:

havia seqüestrado um instante.

Que, por destino pedinte, mesmo preso,

não se fartou.

Abrigou-se ao grande manancial de absurdos.

Aquele que, pela inação dos dias,

confortamo-nos em compô-lo como passado.

2007

www.alfredorossetti.com.br

ALFREDO ROSSETTI
Enviado por ALFREDO ROSSETTI em 03/02/2007
Reeditado em 03/02/2007
Código do texto: T368089