FRUTO DO DESESPERO


Caminhava em passos oscilantes...
Cabisbaixo,
Olhos mirados no chão,
Mas, o que via era o nada;
Percebia-se com clareza,
Havia naquela atitude,
Vestígios de decepção,
Inquietude de coração.

Ergueu, pois, o corpo,
Estendeu as mãos ao céu,
Soltou a voz, gritou...!
Por que eu, porque tinha que ser assim?
A agonia se fazia presente naquele grito.

De repente, num gesto brusco,
Atirou-se em frente a um veículo,
Que vinha em alta velocidade,
A morte foi instantânea.

- O que aconteceu?
Perguntou alguém que passava.
- Não aconteceu nada,
Outro alguém respondeu;
Apenas um desiludido qualquer que cismou de sujar o asfalto.
Apenas mais um incauto querendo chamar a atenção.

... Em seus pertences foram encontrados;
Além dos documentos,
Fotos da mulher, dos cinco filhos,
E uma carta de demissão.