Decepção
Você, ontem, era um pássaro que pousava em meu braço
Para cantar as canções de Mozart.
Você, ontem, era uma borboleta de páginas coloridas
Nas quais eu lia os Luziadas.
Era o vento que assoprava o meu rosto para o sufoco passar.
Você, ontem, foi a chuva desejada pelos nordestinos
Que com a seca veio acabar
Você, ontem, foi o remédio para abaixar a febre
E o delírio que havia.
Foi a ilusão de que nunca iria me decepcionar...
Mas o hoje chegou, o delírio passou
E você?
Você se mostrou...
Você, hoje,
É a tempestade em uma terra úmida onde o sol nunca chegou
E amanhã?
Você, amanhã, será um terreno baldio
Sem valor e esquecido pela minha cidade-coração.