O rio que ascende a minha alma morta
Tem poesia demais no mundo
Não quero ser inconveniente
Não estou tratando de negócios
Com o espírito do Nelson Rodrigues
Mas esta tudo ferrado
Estamos no baixo nível
Tem poeira demais nos olhos
De um lado: pervertidos ,viciados e lunáticos
Do outro: violados,vagabundos e esquizofrênicos
Sentir na pele ou vigiar os muros
As pessoas querem
Que a religião pense por elas
Aja por elas,as alimente e as proteja
As palavras não se juntam ao acaso
Literatura de pernas abertas
Já mordi a ponta da caneta
Se você não come,você morre
A gente é usado sem prazer
Chupado até osso
Depois jogado fora
Coisa com coisa
A maioria do que se pensa
Um monte de frases mudas e fracamente racionais
Não significa nada
E a mente dança nas prateleiras das livrarias
Desejos e sonhos impróprios
Se fala palavrão é mal educado
Pode criticar os símbolos
Sem verso bonito nem positivo
Não tenho medo do polegar para baixo
Isto interessa só a quem quer dinheiro
Sentimentos podem ser manipulados
Mas a alma do poeta é pura e malígna
Tem um copo e uma lata de cerveja na mesa
Mas perdi a vontade de beber
Então ponho vírgulas no papel
Angústia e fastio
Uma fração da cidade dorme
Outra nem sei o que faz
O circo esta armado
A cabeça pesa para baixo
O corpo quer descanso e travesseiro
Sei que não resolve
Deixo o livro de haikai fechado
Apago a luz,o tempo acabou
Ouço a noite
Um carro passa,um cachorro late
O mundo é uma grande fornalha
No fim só restam cinzas
Por cima de todas as lembranças