NOSSO CIRCO
NOSSO CIRCO
Palhaços, equilibristas
Mágicos, malabaristas
Contorcionistas, trapezistas
Domadores, motociclistas
Sob a lona multicor
O respeitável público
Assiste impudico
O circo do horror
Na distinta plateia
Prefeitos, vereadores
Deputados, senadores
Governadores
Vai começar o espetáculo
O palhaço invade o picadeiro
Sem conhecer o vernáculo
Pois a educação está no banheiro
Na sequencia o equilibrista
Com seu mínimo salário
Na corda bamba o artista
Equilibra-se, o otário
E aí vem o grande mágico
Que de todos esconde seu sofrimento
Mostra apenas um lamento
Puxa da cartola um mosquito hemorrágico
O malabarista adentra a arena
Está que é de dar pena
Não consegue rodar os pratos
Vazios e baratos
O contorcionista está alquebrado
Com a coluna desviada
Tem consulta marcada
Num hospital público, uma piada
O trapezista balança sem parar
A rede de proteção está de amargar
Mas com coragem dá um salto
E vai morrer a caminho do hospital, no asfalto....
Os domadores foram despedidos
Todos considerados bandidos
Maltratavam os animais
Que não eram racionais
Enfim o Globo da Morte
E o motociclista sem sorte
Cai ao correr para entregar uma encomenda
Estava sem capacete e de venda
A plateia ri entusiasmada
Com toda a pataquada
Dos idiotas no picadeiro
Nesse circo brasileiro