"Onde Moram Amor e Dor"

Minha alegria e tristeza,

A feiura e a beleza,

O hiante ou o tímido,

Tudo é máximo e mínimo.

Eu oscilo entre os lados, doentio,

Sem horizonte, sem norte, sem brio,

Falta senso, sobra febre e frio.

Se par, não quero ímpar,

Se mar, não quero peixe,

Se dói, só quero que doa... Deixe.

Eu morri um dia desses,

Pelos braços de minhas virtudes,

Morri de corpo inteiro,

E a alma ficou rude.

Morreram os meus símbolos,

Minhas estrelas caíram tolas,

E as sementes que plantei

Ah! Veio outro a levar todas.

Levou-as e deixou fincado

O que não lhe servira nem de resto,

A amargura da eterna dúvida,

Amargura densa e cúprica

Um coração medíocre e funesto.

(Bruno Mariano Cavina)