SEM GRAÇA

os bancos sujos de pó da hitória
árvores de artifícios cheios
um quiosque - não nasceu ali -
nem os banheiros nasceram - assim sem cerimônia
a grama aparada por máquinas rosnantes
barulhentas e poluentes
gente quase correndo
uma mulher tropeça e quebra
- o que ela quebra não sei -
um velho torce o pescoço
- persegue com os olhos duas lindinhas de mini-saia -
ah! essa praça
sem graça...

os bancos duros - tempo da pedra
esse tempo me quedra
ah! sem graça
meu poema da praça

os bancos - mas o que têm esses bancos? -
poeira - ora pois -
poeira sem graça
tudo é sem graça
na praça
e na não praça

achei que na praça meu nada se dissolveria
mas não dissolve
muito menos resolve
esse tedioso rosnar 
porque sem graça
estou eu
são meus pensares
meus pesares
todos os lugares
e sem culpa a pobre praça  
ficou também
sem graça

Neste momento acaba
um dia
totalmente sem graça.