Remotas lembranças

É de buscar em remotas lembranças

E fadigar, dessa busca, a memória

Que tudo o mais se confunde na história

Tão semelhantes fracassos e glórias

Desde quando ainda era criança.

Primeiro beijo, um contato furtivo

Primeira frase, falada na mente

A mão frigidíssima, reação demente

Tétano de origem ardente

Corpo e alma em confronto exaustivo.

O nome nem lembro, mas era a mais bela

A mais cobiçada um tanto arredia

Um tanto noite... Você já sabia

“que belo sorriso!” eu nunca dizia

Eu me ocultei ao negar-me a ela

Foi curto o lamento por tão grande espera

Que hoje, somente o nó da garganta

E um frio gigante que mais se agiganta

Que mesmo sem voz ainda chora e canta

Devido ao desfecho pelo qual não se espera

E vem a solidão dia após dia

Sentar-se à mesa para um longo “oi”

Até que um dia venha sobre mim

O ocaso dos meus dias e dores

E assim se faça luz ao meu "calar pra sempre".

Guilherme Veiga
Enviado por Guilherme Veiga em 10/10/2012
Reeditado em 10/04/2013
Código do texto: T3925019
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