Remotas lembranças
É de buscar em remotas lembranças
E fadigar, dessa busca, a memória
Que tudo o mais se confunde na história
Tão semelhantes fracassos e glórias
Desde quando ainda era criança.
Primeiro beijo, um contato furtivo
Primeira frase, falada na mente
A mão frigidíssima, reação demente
Tétano de origem ardente
Corpo e alma em confronto exaustivo.
O nome nem lembro, mas era a mais bela
A mais cobiçada um tanto arredia
Um tanto noite... Você já sabia
“que belo sorriso!” eu nunca dizia
Eu me ocultei ao negar-me a ela
Foi curto o lamento por tão grande espera
Que hoje, somente o nó da garganta
E um frio gigante que mais se agiganta
Que mesmo sem voz ainda chora e canta
Devido ao desfecho pelo qual não se espera
E vem a solidão dia após dia
Sentar-se à mesa para um longo “oi”
Até que um dia venha sobre mim
O ocaso dos meus dias e dores
E assim se faça luz ao meu "calar pra sempre".