Amor de Náufrago
Êita! Sentimento danado que sufoca o peito!
De repente percebo um alagamento em meus olhos
Que inunda tudo que está por dentro
Muitos de meus sonhos já boiam neste mar tão salgado
Amargo, sem brisa,
A maresia resseca e trinca minh’alma
Meu porto seguro estremeceu
Minha nau naufragou
Meu bote furou
Não quero gentilezas
Não quero afagos, conformismo
Quero sair, seguir, não fugir
Enterrar essas ancoras e esquecê-las por lá
Quero dormir, voltar a sonhar
E a fada dos sonhos hoje resolveu me presentear
Me dando a mão e um poço de serpentes
Elas possuem sua beleza perigosa
E seu veneno me entorpece com o fel deste naufrágio
Se confunde com as águas turvas deste mar frio
Sombrio .
Vai! Rompe o lacre!
Grite, esperneie, estapeie,
Saia da gruta, do fundo
E veja a luz que está lá fora, na areia.