Vulgo amor

Ando desiludido comigo,

me afogando nesse mar de senões,

me vendo só como um amigo,

enquanto satisfazem-se outros corações,

minha dor vai delongando-se,

minhas lágrimas secam na ventania,

o tempo na esteira do sofrimento vai alongando-se,

e minha alma é gado sem dono nessa cercania,

vagando indesejável no pasto seco,

buscando um riacho que afague essa sede,

mas tudo que encontro é um escuro beco,

enquanto no cansaço minha resistência cede,

assim são todas as horas, assim são dos os dias,

vejo paisagens das quais não me lembro mais,

sento-me no escuro para celebrar minhas desvairias,

meus delírios solitários para os quais não encontro cura jamais,

estou tateando no muro das lamentações atrás de um pedido,

procurando um fim para esse vazio que consome meu interior,

mas somente me abriga esse labirinto onde permaneço perdido,

dilacerado por esse sentimento corrosivo, vulgo amor...