Diga-me

Diga-me

porquê queres correr só diante da face suja do mundo,

diante do negror das noites,

se tens agora serena morada em meu coração?

Fiz dos teus olhos, lembrança, oração

e não sabes que no escuro peço,

sofro em pesadelo, calado.

Diga-me

se minhas mãos não são fortes

o bastante para livrar-te da maldade.

Se os meus braços não te defendem.

Se minha boca não tem o beijo que desejas

para que fique assim enredado em meu abraço.

Diga-me

se o cansaço ingrato se abaterá

sobre nossos sonhos de liberdade.

Se deixarás o ninho de cumplicidade

em busca de mundos outros, outros rumos,

arremessando-me à descrença

de um sincero e verdadeiro amor?

Diga-me apenas e só.

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Nota: Uma dor passada. Um passado distante no instante presente.

Felix Ventura
Enviado por Felix Ventura em 08/03/2007
Código do texto: T406091
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