Angústia

Meu canto é triste como o pio da rola

que agudo soa neste matagal imenso

A voz que de minha garganta ecoa

sino que dobra, imita seu lamento.

A multidão que de mim gira em torno

suscita integração comigo alguma

Se sal nesse mar de gente formo

solidão d’alma minha assim arruma.

Entre amores que busquei outrora

neles sempre pouca fortuna tive

Por quem meu coração ainda implora

indiferença, eis paga sublime.

Este bronze de meu olhar merencório

numa estiagem constante vive

As lágrimas, natural lavatório

há muito secaram, nada as revive.

Em tremores agora envolvido

meu corpo fraco claudica insano

A medicina não tem resolvido

a fé - acho – me tem como profano.

Através deste meu lábio tristonho

desde há muito que não rio um riso

Nem ânimo para isso encontro

sem o rir, melhor tem sido o siso.

Agora que tenho algum vintém

meu espírito não se anima nunca

Das mulheres que quis veio desdém

minha higidez aos poucos caduca.

Nem me dá forças a pouca idade

e assim torturado sigo, dia a dia

Meu coração triste, em morbidade

só exige repouso, na laje fria.

di Arauj hür
Enviado por di Arauj hür em 11/03/2007
Código do texto: T409116