Decadência

Nada é tão ruim que não possa piorar.

Qualquer situação insustentável pode ficar ainda mais insustentável.

Estamos descendo a rampa, meu filho,

Segura-te em minha mão que o barranco ainda vai longe!

Cíclica decadência do Homem, atingir o vale

Para poder, um dia, quem sabe?, escalar novamente os altos cimos.

Não lutes contra a gravidade, o nosso caminho é para baixo!

Não te debatas, assim perderás o equilíbrio e rolarás morro abaixo

E aí, que Deus te ajude!

Meus ossos são duros, quantas vezes já não caí neste declive?

Arranhões? Por todo meu corpo.

As cicatrizes carrego como medalhas.

Mesmo descendo, mantenho os olhos fixos para o alto.

Não quero perder de vista o que há de melhor

Não quero esquecer-me que, quando descermos, teremos novamente

De escalar essas altas montanhas.

Perdes o fôlego?

Eu também. É mais fácil descer.

Mas tudo que desce um dia há novamente de subir.

As coisas piorarão muito antes de melhorar.

Pois não há nada ruim que não possa piorar.

Tropeçar numa pedra morro abaixo,

Verias que isso sim é doloroso!