Um último adeus

É hora de arrumar as caixas,

colocar nossas memórias,

separar o que deu certo,

guardar os mimos trocados,

empacotar as juras ditas,

embalar as palavras não ditas,

acomodar os sentimentos revoltos,

ajustar os problemas sem solução,

aceitar o fim e o recomeço de um novo tempo...

É hora de cobrir os móveis,

listar tudo aquilo que vivemos,

descartar o que nos traz más recordações,

manter tudo o que nos aqueceu em algum momento,

fechar todas as janelas e as persianas,

telefonar para o corretor anunciando a venda,

deixar as chaves sobre o aparador já sem porta-retratos,

olhar uma última vez para as paredes vazias,

sabendo que não haverá mais retornos, apenas um adeus...

É hora de seguir em frente,

tomar novas decisões em novos contextos,

deixar o destino revitalizar a vida,

esquecer tudo aquilo que nos machucou,

caminhar adiante sem olhar mais para trás,

não se importar com os copos que se quebraram,

ou com as cartas que jamais foram escritas,

chorando as lágrimas necessárias se for o caso,

compreendendo que em cada jornada há início, meio e fim...