Bramiste na voz dos sinos...

Gritaste nu de ti, faminto de abraços ternos e afagos,

cortado nos vidros - estilhaçados engolidos -,

e nas fronteiras ensanguentadas do verde sangue.

Bramiste na voz dos sinos, bem alto, a solidão

de solitários caminhos, aqueles se agasalhavam

no gelo perpetuado de Paços e copados Claustros.

Nos rios vagos de rutilantes brilhos projectaste

imagens difusas do teu rosto sofrido, no terror

e no pavor de amar no amor e ser amado,

e no desejo contido de ser cisne reflexo de um lago.

Com medo de sofrer ... partiste!

Veio o Inverno! As sombras de um sonho não vivido

dormem, tal gato adormecido,

na soleira sem vida da gruta dos sentidos.

Mel de Carvalho
Enviado por Mel de Carvalho em 15/03/2007
Código do texto: T413582
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