INDIFERENÇA

I

Nasci! Que coincidência!

No dia do meu aniversário agonizante

Morrendo no incenso incessante

Do turíbulo das aras da dolência

Aceita-me, Deus, no seu inefável paraíso edênico!

Pois já não me importa viver mais

O meu amor não é mais intenso

Nem maior que o dolo que sinto

No eflúvio de álacres rosas vermelhas

Sinto o perfume do teu beijo terno

Ah! Era anjo triste e não satírico poeta

Hoje no altar do insensível dolo eterno

Como a ave que esvoaça entre as flores

Como a águia renovando-se de cores

Exalando volúpico o desvario dos tolos

Ou parabenizando-me com doces e velhos bolos

II

Nasci! Que coincidência!

Satirizando a diafaneidade do amor

A fragilidade do amor cristalizado

E a veracidade do amor capitalizado

Não tenho a fragrância da rosa vermelha

E a podridão invade cada minha aurora

Qual lacrimoso amor que voa como abelha

No amanhecer, no anoitecer que vai embora

Ah! Era anjo triste e não satírico errante

Pois nasci velho naquele dia agonizante

E agora tal, porém maior que os infinitos

Exalo lúgubre o perfume dos teus ritos

Malditas linhas destes versos que se encerram

Gritando alto o coito ruflante e epidêmico

Ó Céus, ó arrebol de ebúrneos astros que se enterram

Ó Deus, receba-me no seu inefável paraíso edênico

jairomellis
Enviado por jairomellis em 23/03/2007
Código do texto: T423034
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.