DÊ-ME
Dê-me.
Dê-me um só segundo, ou então, dê-me asas e mostrarei como se voa.
Dê-me a liberdade da alma, a alegria de não conhecer a tristeza, a sabedoria de não me permitir a solidão.
Dê-me um pouco de céu, de mar, de ar e buscarei por sabores, essências e sensações.
Dê-me um dia, ou dois para eu ser o que nunca fui, ou nunca ser o que sou.
Deixe-me como se nada eu fosse, pois nada sou.
A não ser vento sem direção, água sem calmaria, árvores que se contorcem, implosão de minhas emoções.
Sou a flor que não nasceu, ou a flor que já morreu.
Sou a alma esmagada.
Sou ser, sem nada ser.
Pena não ser o que quis.
Mar em fúria, chuva forte, relâmpago ou trovão.
Não há nada de candura nessa minha vida dura,
de verdades doídas e de mentiras desmedidas.
Dê-me.
Dê-me um mundo meu.
Sem mim, sem ti, sem ninguém.
Pegaria um pouco que fosse,
do tanto de sonhos que guardei,
e guardaria em mim...
Girassóis.