CORREDOR DA MORTE
Todos os dias
Procuro o jardim do Éden
Para observar flores apaixonadas
Sentir o perfume do adeus
Se as palavras não incomodam
Então não é poesia
O poeta cria o laço
Para capturar o impossível
Tento escrever
Mas a dor
Amarrou minhas mãos
A chama espreita por debaixo da porta
Então fecho os olhos
Liberto o espírito
E sonho com outras vidas
As sombras gritam mais alto
A chuva cai
O trem parte
O avião voa
As andorinhas rodopiam
Viver o verão
Ouvir o vento do deserto
O futuro não existe
Céu sobre a alma
Uma folha de papel
Uma caneta azul
O resto simplesmente acontece
Se for preciso...
Carlos Assis
(poema dedicado a minha almofada)
FOTO DE FERNANDO FIGUEREDO