Réquiem à Amy Winehouse

Tudo na vida é um jogo sórdido de azar,

Amavam só a minha voz e não queriam me compreender,

Sozinha nessa casa_ nesta noite em que a solidão me abandonou,

Não sei mais em que acreditar...

Quero me desintoxicar de mim mesma,

Quero me desintoxicar do convívio humano,

Quero me desintoxicar de quem me tornei.

Eu bebo mais uma dose e a vida ainda continua insuportável,

Eu o amava tanto: me entreguei completamente a você!

Não quero que meu pai veja a pessoa decadente que me transformei,

E até meus amigos já não conseguem me suportar e me alegrar.

Eu cantei com todo o fervor da minha alma o que eu sentia,

Enganei algumas pessoas, mas sempre fui sincera comigo mesma,

Não posso exigir que minha família entenda o que não consigo exprimir,

Preciso revelar a alguém a extensão da minha dor,

A extensão de minhas aflições e dúvidas,

E despir essa máscara que todos refletem em mim,

Mas acho que não posso confiar em ninguém mais.

Não posso mais continuar vivendo assim porque...

Quero me desintoxicar de mim mesma,

Quero me desintoxicar do convívio humano,

Quero me desintoxicar de quem me tornei.

Tomo mais um copo com vodka misturada com suco de laranja.

A Vida é uma meretriz que nos expele nessa fossa que chamamos de mundo;

Não devo jogar as pedras das minhas amarguras nas pessoas,

A civilização é uma clínica de malucos prepotentes e cheios de convicções;

Não acredito mais em mim,

Não consigo mais beber a vida que há em minha alma,

Pois tudo está morrendo,

Tudo está desmoronando,

E te amo tanto Pai e Mãe,

o som do piano já cessou,

pois tudo é um jogo sórdido de azar.

Quero me desintoxicar de mim mesma,

Quero me desintoxicar do convívio humano,

Quero me desintoxicar de quem me tornei,

Do que me tornei,

E de tudo o que eu nunca saberei.

Obs: tentei imaginar o último dia de vida da cantora Amy Winehouse, e busquei analisar, narrando em primeira pessoa, o que poderia estar transcorrendo dentro dela, em seus pensamentos e emoções. Sei que é uma presunção da minha parte, mas resolvi prestar minha homenagem a última romântica, falando em termos literários, e grande cantora que tivemos no século XXI, e que jamais morrerá nos corações de quem a admirava e amava-a, independente dos dilemas de sua vida pessoal.

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 12/07/2013
Código do texto: T4384221
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