A Desilusão de Letícia

Letícia, num ato de loucura,

Com os pensamentos transtornados,

Pôs fim aos dias mal amados,

Repletos de desilusões e amargura.

Pobre menina, era tão pura

De coração, tão inocente,

Mas nessa vida, infelizmente,

Não está mais presente aos nossos olhos sua formosura.

Olhar para ela, era como sonhar

O mais belo sonho angelical,

Todos admiravam sua beleza escultural,

E seu sorriso era de se apaixonar.

Seus olhos eram tão cheios de vida,

Transpareciam tanto amor, tanta esperança,

Tantos sonhos a realizar de uma alma de criança,

Num olhar tão confortante a oferecer guarida.

Existem anjos entre nós? Pode ser...

Mas se existe... Sem dúvidas era ela...

Era um encanto, tão bela...

Com tudo, com todos, em todo seu viver...

Seu sorriso era como o sol no amanhecer

Clareando os olhos do coração

De quem pudesse desfrutar de sua perfeição;

Seu sorriso fazia qualquer coração renascer...

Mas a vida, às vezes, é cruel, insensata,

Letícia descobriu o lado obscuro de se viver,

Descobriu a dor, desejou morrer,

Pobre menina, a vida com ela foi ingrata...

Nâo havia mais alegria no amanhecer,

Seu sorriso sucumbiu às lagrimas, à dor,

Não haviam mais sonhos, somente desamor,

Pela vida que agora a fazia sofrer...

Letícia seria na Era Medieval

A mais venerada princesa,

Repleta de carisma, encantos, beleza,

Digna de uma Deusa, não parecia ser mortal...

Não parecia... Mas mortal é a vida;

O inesperado acontece, não há como fugir,

E aquela garota deixou de sorrir,

Fora tragada pela dor... Teve triste despedida...

Sua alma límpida e transparente

Fora manchada com sangue pelo destino,

O mundo, com ela, fora cretino,

Condenou-a por sua essência pura, injustamente...

Ela era tão especial, um poeta a amaria

De joelhos, declamando amor eterno,

As lembranças de seu olhar terno,

Aquecem qualquer coração em noite fria...

Mas com ela a vida foi cruel, sem piedade,

Reservando-lhe o sofrimento precocemente,

Tão jovem, tanto a se viver, e de repente

Ela se vai... Deixando-nos com a dor da saudade...

Letícia, num gesto de desespero

Sem encontrar outra saída,

Deu fim à própria vida,

Quisera eu ter morrido primeiro...

Nâo que eu desejasse morrer,

Mas não teria que presenciar aquela

Doce menina dando adeus, logo ela,

Que era uma inspiração para se viver...

Nestas horas questionamos: Por que Deus?

por que aconteceu isso com ela?

Ela era tão doce, tão inocente, tão bela!

Há alguma resposta aos questionamentos meus?

Ela era tão formosa, uma doce flor

Perfumando os jardins em eterna primavera,

Mas eis que surge, quando ninguém espera,

Uma nevasca de inverno destruindo seu aromático frescor...

Uma rosa formosa de pétalas recendentes,

Sendo ferida e crucificada pelos espinhos da sociedade,

Contendo o veneno podre da desumanidade,

Destruindo sua alma; ofuscando a vida de seus olhos reluzentes...

Um anjo sensível, coma alma sangrando,

Vertendo de seu coração uma angústia sem cura,

Os pensamentos beirando à loucura,

A vida diante de seus olhos estava se acabando.

letícia fora, pelo amor, escravizada,

Entregando sua virginal inocência,

A alguém que lhe despertara a essência,

De seus sentimentos, deixando-a fascinada...

Alguém, que lhe ofereceu o amor

Sem revelar que junto havia lhe dado

O vírus mortal, deixando o destino da menina, fadado,

A desbotar aos poucos, murchando como uma triste flor...

A trágica revelação, à Letícia, veio por carta,

Escrita à sangue contaminado,

De seu "amor", dizendo: "Obrigado!"

E; "Parabéns! És mais uma que a vida aos poucos descarta!"

"Obrigado por dar-me a flor de tua pureza,

Sinto-me mais vivo, deixaste meu ego mais ameno!

Parabéns! Uniste-se a mim em carregar o veneno,

Do mundo nas veias, recheado de impureza!"

"Levas contigo o vírus mortal, que degrada,

O corpo, a alma, o coração e os pensamentos,

Não há mais nada a fazer, agora somente lamentos,

Que a insônia te acompanhe até teu último nascer d'alvorada!"

Letícia, após alguns dias vivendo o inferno,

Sem esperanças, com a vida ofuscada,

Sem encontrar conforto, sentindo-se amaldiçoada,

Sem encontrar uma única palavra ou abraço terno...

...Decidiu por fim à sua angústia,

Nada mais lhe restara, a não ser,

Dar adeus, pois já não sabia mais o que era viver,

Seus dias estavam sendo de total desarmonia...

Sua triste despedida foi melancólica,

Num coquetel de drogas, a morte a beijou,

E foi assim que deste mundo ela viajou,

Abandonando a vida que se tornara antimelódica...

Solfieri Jr
Enviado por Solfieri Jr em 21/08/2005
Reeditado em 03/06/2007
Código do texto: T44201