MESA UM BAR...

MESA DE BAR

A noite é fria... Lá fora a chuva incessante

Lembra tua ausência que chega a todo instante...

O seresteiro indiferente à minha dor,

Solfeja notas de saudades em langor!

A canção me diz de cabelos anelados,

Longos cachos de fios negro – prateados,

A lembrar teu rosto amado, teu corpo esguio...

Versos de queixumes, lamentos entoados,

Que dentro d!alma ressoam em tons magoados,

E então me perco num olhar distante e frio...

As mãos do artista deslizam ágeis, ardentes

E ao som do piano ando em voos transcendentes...

Na febre dos desejos e da insanidade,

Vejo-me longe , fora da realidade...

Onde estás? Que fazes doce criança?

Meu alento! Derradeira esperança!

Ah! Sorte madrasta... Incauta solidão!

Pobre vate: Inunda de dor a face ingrata,

Tal qual a chuva lá fora, caindo em prata,

Inunda de lágrimas a negra imensidão!

Guarapari- Verão de 1999

Nelson de Medeiros
Enviado por Nelson de Medeiros em 29/08/2005
Reeditado em 17/07/2020
Código do texto: T46057
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