Angu de caroço

Ó destino desnorteado e sem freios!

Dispara assim, tonto e sem tréguas?

Como cavalo doido sem arreio...

Quando penso em galopar-te rasante,

Eu é quem sou cruelmente galopado.

As coisas, todas fora do meu domínio;

Enquanto elas vivem pulsando,

Eu aconteço por acaso ou por engano.

Os meus planos estão entrelaçados

Aos milhões de planos desse mundo

E até de outros, em outros planos.

Tenho um olho em terra de cegos;

Mas quem disse que sou rei?

Apesar do olho que tenho,

Miro apenas no que nada sei.

Vejo a viola em cacos na terra da música.

Os cachorros mordem a cobra

E a linguiça envenena as suas almas.

Quantas tolices são expostas

Como profundas e essenciais filosofias...

Caminho sobre milhões de conceitos,

Às cegas e assim meio sem jeito.

Aqui dentro, o peito suplica por calma;

Lá fora, as quimeras querem a minha alma.

Mas, se não posso com essa mandinga,

desisto, não carrego meu patuá.

Apesar do fuá, da loucura e do alvoroço

A vida não pode ser um angu de caroço.

Cacá

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 17/12/2013
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