LONGE DEMAIS...
Do amor,
apenas a sombra ficou.
No adeus,
fagulhas de uma vida
que se apagou.
No findar dos momentos,
sentimentos de vidro
e palavras de ventos.
Na solidão,
sonhos adormecidos
nas ruínas do meu eu.
Do tempo,
o medo que a ilusão
morra no esquecimento...
Que a emoção ressentida
não mais torne a fluir,
tornando-me embrutecida.
Que a saudade se despeça,
a lágrima enfim seque,
deixando rude o coração
tal como um chão infértil.
Que em meu interior
me encarcere,
qual folha inerte
num outono que não fenece...
Da vida,
não soube a semente cultivar,
sobraram-me as feridas
numa alma tão cansada,
envolta no manto da solidão,
perdida entre penumbras e prantos,
longe demais para saber voltar...
30/01/2007