A menina e a rua

Anda! Anda! Chame a menina!

Diga-lhe que essa rua não tem volta!

Não tem dobra nem esquina;

E também nunca foi minha.

Que Maria é essa, tão brasileira,

Que acha que sofrer é assim, é paixão?

Chama ela! Grita! Não se arrependa!

Não pense duas vezes não!

Onde ela iria assim engadelhada,

Sem passar o pente nos cabelos?

Nesse caminho arde um negro sol

Uma lua vestida de cinza-grafite,

Com uma luz sem prata sem nada.

Anda! Anda! Antes que seja cedo!

Cedo demais para os segredos.

Diga-lhe também, sobre a solidão.

As pedrinhas de brilhante,

Eram cantigas antigas, desvairadas;

O coração roubado sangrou,

O bosque foi cortado há muito tempo.

O ladrilho escorregadio, rachou;

Quem iria apaixonar-se por um anjo safado,

Ladrão, que só quer enganar,

Dizendo querer bem, sangrando assim?

Carlinhos Matogrosso

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 10/04/2014
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