Santa Insônia

Santa insônia que ilustra meus versos,

perdoai meus pecados tão humanos,

meus desejos e tormentos;

nobres, tolos ou insanos.

Livra-me dos agouros noturnos,

da morbidez do tempo,

que me castigam as pálpebras

e das agruras que afligem e que desseca,

meu coração e minha alma.

Liberta-me dos sons intempestivos,

que compõem a noite;

chiados, miados, latidos

e o depressivo alarido dos carros

tão barulhentos, queimando o asfalto.

Santa insônia, que se confunde

em minha mente conturbada.

Ah, se eu pudesse incinerar minha memória

e jogar as cinzas do meu sofrimento,

no longínquo mar do esquecimento.

Fazer-se ia um lumaréu,

nesta noite tão madrasta.

Sandro Colibri
Enviado por Sandro Colibri em 06/05/2007
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