MINHA CASINHA DE SAPÉ

Lá no alto daquele morro,
Depois de passá pelo rio
Que corta a campina
Por uma pinguela bem véia
Subí morro acima
Prá construí minha casinha
Bem longe de todo mundo
E lá fui morar
Com minha cabocla amada
Mínina bem afeiçoada
De pouca idade de fato
De boa família
De bons trato
Boa companheira
Muito trabaiadeira.
Fizemos nossa prantação
Milho, arroiz e feijão.
Fiz uma horta bonita
Com tudo plantado
Prá nois comê.
No quintal
Tinha galinha
Muitos ovos nois coia
Prá faze bolo e pão
Prá comê com café
Nois era feliz e tinha muita fé
Nois se amava todos dias.
Queria só cresce
Prá mais conforto oferece
Praquela companheira
Que amava de coração.
O tempo foi passando
As crianças nascendo
Nois era uma famía feliz
Com treis filhos bonitos
Que vivia em harmonia.
Nois lutava de sol a sol
Prá cuida da prantação
No final de cada dia
Nois vortava prá moradia
Coberta de sapé
Enquanto ela fazia comida
Prá nois tudo jantá
Eu dedilhava a viola
Prá mor de alegrá
Minha querida caboclinha
Linda canção eu cantava
Com palavras do coração
Agradecendo a Deus...
Nossa casa... e famía
Jurando ficar juntos
Pro resto da nossa vida.
Consegui vencer
Com a ajuda da minha cabocla
Bela casa construí.
Contratei um boiadeiro
Home bom e respeitadô
De raça refinada.
Com nois ele fez sua morada.
Ele cuidava dos gados
Que tinha no pasto
Mais de trinta cabeças
De gado de raça.
Toda semana eu ia
Prá cidade
Prá compra o que fartava.
Muntava no lombo do alazão
E cortando estradão
Subindo e descendo
Cortando as campina
Prá cidade ia galopando
Num vendo a hora de vortá
Pro lado da minha amada.
Um belo dia
Quando cheguei em casa
Não encontrei mais ninguém
Estava vasia
Sem muie e sem os fios
Que foram embora
Mora com o boiadero
Num lugar bem distante
Deixando prá traiz
Esse companheiro
Que tudo fazia
Pra vivê em harmonia
Com toda a famia.
Arriei meu alazão
Piquei o mato e as campina
Atraz daquela cabloca
Que amava de verdade
Fiquei vários dias
Dormindo nos matos
Ficando sem comê
Mas queria encontrá
Aquela que me abandonou
Sem dizer o porque.
Mas encontrei
Numa casinha de sapé
Os dois mais os fios.
Apiei do alazão
Ranquei meu berro da gibera
Matei os dois na cama
Com dois tiros certero
Prá nunca mais acordá
Criei meus treis meninos
Fiz tudo sozinho
Muito amor e carinho.
Hoje estão formado
Engenhero, dotô e devogado.
Eles seguem o caminho
Pra cumpri o destino
Que o Pai do Céu ensinô.
joluze
Enviado por joluze em 18/05/2007
Reeditado em 22/05/2007
Código do texto: T491302