Já não há mais sonhador

Aqui neste caminho

curvilíneo e de chão batido,

lá vou eu mudando passos.

Carregando às costas

uma carga de pesares.

Neste mesmo caminho

outrora passei menino,

montado no cavalo de pau,

no alforje, no lombo criança,

carregava sonhos e fantasias.

Neste mesmo caminho

rastros ficam na poeira,

lembranças na memória.

As dores vão ficando

num canto do peito.

Neste mesmo caminho

tudo ainda está igual.

As árvores e as flores

ainda estão como antes.

Somente o caminhante,

já não é mais o de ontem...

Neste mesmo caminho

hoje com passos trôpegos,

caminha apenas a sombra

daquele menino verde,

já não há mais sonhos,

já não há mais sonhador.