AMANHÃ

Se eu não acordar amanhã.

Será que na minha vida fui contente

Casando a ambigüidade displicente

Com a realidade um tanto quanto vã?

Se eu, amanhã, não acordar.

Como serei lembrado ou esquecido?

Com sorte um forte, se fraco um mito.

A dúvida, sem dúvida, irá sobrepujar.

Como, amanhã, amanhecerá?

Será que haverá aves ou luz?

O bater das minhas asas me conduz

Afastando o presente que não vou vivenciar.

Se o amanhã não acordar.

Na eterna madrugada criarei morada

E em alma e carne traçarei minha estrada

De amor e dias que não pude estar.

Cadusoares
Enviado por Cadusoares em 29/05/2007
Reeditado em 04/05/2023
Código do texto: T506261
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