AMANHÃ
Se eu não acordar amanhã.
Será que na minha vida fui contente
Casando a ambigüidade displicente
Com a realidade um tanto quanto vã?
Se eu, amanhã, não acordar.
Como serei lembrado ou esquecido?
Com sorte um forte, se fraco um mito.
A dúvida, sem dúvida, irá sobrepujar.
Como, amanhã, amanhecerá?
Será que haverá aves ou luz?
O bater das minhas asas me conduz
Afastando o presente que não vou vivenciar.
Se o amanhã não acordar.
Na eterna madrugada criarei morada
E em alma e carne traçarei minha estrada
De amor e dias que não pude estar.