Requiem de um apaixonado

Há muito tempo te procurava

Nos emaranhados confusos das estrelas.

Palpava, então, o vácuo negro do espaço

E no regaço trazia a melancolia

Exausta da minha esperança.

(Há momentos na vida

Que nos causam dores e cortes.

E passamos a esperar que o acaso traga a sorte

E com ela a cura e a sutura...

Antes que o tempo me cuspa a morte.)

E foi tateando o ar

Bebendo poesias

Engolindo canções

Abraçando o sol

Plantando solidão

E colhendo tristezas

Esvaziando garrafas

Que ví brotar

(Entre o céu do meu peito

E o solo do miocárdio)

Vagarosamente a flor

Da cor de vinho tinto doce

Que me manteve embriagado

(E achava que pra sempre fosse.)

Mas veio a chuva forte e levou tudo embora

Rancou do meu peito o que me era direito ( e tem mais)

Deixo um vazio, um corte, um rio seco sem norte...

Desatou nosso laço e deixou um nó na minha garganta.

A perda foi tanta, tamanha foi a desilusão

Acabou-se a canção, me deixou sem chão, fiquei sem noção.

Perdi a razão

Rasguei sua foto

Queimei suas palavras

Expulsei seu gosto da minha boca

Limpei seu suor do meu rosto

Ranquei da minha agenda

O dia 19 de agosto

(Há momentos na vida

Que nos causam dores e cortes.

Passamos a esperar que o acaso devolva a sorte

E com ela a cura e a sutura da ferida...

Antes mesmo que o vento vomite a morte.)

Tentei tomar impulso... (Não consegui.)

Já cortei meus pulso.

Minhas palavras são apenas soluços

Ah! Já sinto o odor náuseo do ar

Estou ficando tonto e sem ar

(Não sinto dor, não vou chorar)

Estou partido, estou partindo... pra outro lugar...

Vavá Borges
Enviado por Vavá Borges em 30/05/2007
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