A FRAGILIDADE DO BRILHO

De brilhos coloridos me revisto,

espalho estrelas vivas, aquarelas

nos ninhos em que pousam minhas vistas

e o que se avista é vida em lindos plenos.

Liberto crenças ledas e peraltas

que esvoaçam alegrias descabidas,

certezas de amanhãs mais saltitantes

e bailo, celebrando ensolarado.

Contudo de repente me declino

e sinto os pés grudados nesse lodo,

um peso enorme aos ombros empurrando

meu corpo todo ao denso e negro fundo.

E o mundo que eu enxergo se escurece,

é tudo tão cinzento, opaco e triste;

sumiram-me as estrelas, tantas cores,

as ledas crenças são agora cinzas.

Aqueles coloridos, brilhos de antes,

singelos, não puderam resistir

à realidade escura, bruta, urgente;

que pena, o quanto é frágil a ilusão.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 24/03/2015
Reeditado em 24/03/2015
Código do texto: T5181264
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