Diz Coélet
Ampulheta quebrada, caderno novo
Seria um tempo bom talvez
Não fosse o mesmo tom
Que o acordeon anuncia;
A dança tem movimentos parecidos
Os passos parecem anestesia,
Mas ao fim sempre sobra
O suor que jazia na festa sob a pele.
Não leve a mal minha descrença...
É que quem padece sempre
De uma só doença
Ou morre ou cura. Pela vacina
Minha procura é velho filme!
Sessão da tarde, lagoa azul,
Coisa ignorada... Dor que só dói
Em quem insiste em me amar.
Quisera eu má memória,
Repetir a mesma ladainha
Sem cansar-me as ouças
Mas, é fato, já não sou
Uma criança ou santo de gesso
Que aos ouvidos não enche
Um barulho repetitivo e falso
De uma celebração inútil.
Findou minha novena de fracassos
E o décimo dia desprezou-me
Pareceu-me amar até,
Mas já era a bênção final;
Então recolhi as ofertas,
O lecionário de bom gosto sincero,
Fechei eu mesmo o oratório,
E vim embora praguejar.