SÓ ME RESTAM AS FRESTAS...

Agora só espreito a vida que me sobra,

Pelas frestas que me restam,

Fecharam-se portas e janelas,

Do Diabo foi tudo obra.

Pelas frestas da minha proveta vida,

Contemplo triste e desiludido.

Minha inglória despedida,

Fui sempre muito incompreendido.

Quando não havia frestas e bem via,

Tudo o que eu nesse tempo vivia,

Eram sonhos tornados reais,

Criando família e valores patrimoniais.

Quando as frestas eram maiores,

Os perigos foram menores,

A vista tinha maior alcance,

Havia na vida mais chance.

Pelas frestas por onde agora espreito,

Vejo tudo mais imperfeito,

Fico condicionado ao espaço,

Que me aperta como um laço.

Ruy Serrano - 18.04.2015

Ruy Serrano
Enviado por Ruy Serrano em 18/04/2015
Reeditado em 18/04/2015
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