FUGITIVOS DA IRA DOS DEMÓNIOS
Num mar revolto de fugitivos,
Seres do seu país evadidos,
Procuram nova vida algures,
Lugar incerto em nenhures.
Em pequenas embarcações
Superlotadas, atravessam
Mares, sem rumo, à procura
De refúgio em lugar obscuro.
Famílias inteiras, mulheres
E crianças, cheias de terror,
Fogem de África e do Médio
Oriente, bastante sofredoras.
Sendo condenados por actos
Inocentes e sem fundamento,
Do perigo que correm, cegos,
Chegam à Europa, incrédulos.
A viagem arriscada e temerária,
Não chega ao fim, o mar agitado
Afunda os barcos e a aventura,
Termina assim, má desventura.
Morrem mais dos que se salvam,
Os que sobrevivem, sem futuro,
Esbarram na Europa num muro,
Que não lhes oferece esperança.
O sonho acalentado, se desfaz,
Ficam em campo de refugiados,
Esperando por eventual destino
Com fome, frio e desesperados.
Os Estados europeus tomados
Por civilizados, não têm solução,
Para um problema de dimensão
Universal, por todos desprezado.
E assim o futuro se torna incerto,
Para aqueles tristes resgatados,
De vida obscura e de infortúnio,
Que continuará igual sem futuro.
Ruy Serrano - 21.04.2015