O MEDO MEDRA

O MEDO MEDRA

No quarto escuro

Olhos abertos para o nada

No silêncio puro

Próprio da madrugada

Passam as imagens

De momentos selvagens

Vividos na selva de pedra

Em que o medo medra

A cada esquina

A cada passo

Uma chacina

Uma faxina

Um descompasso

Com a civilidade

Uma ode a mortandade

Num ciclo inumano

Dum ser insano

Que parece ter dado adeus

A tudo que é de Deus

Violando preceitos

Negando direitos

A uma vida despojada

Que não vale mais nada

Apenas passa

Sem graça

Recheada de desgraça

Provocada pela raça

Racista, intolerante

Violenta, ignorante

Numa sanha sem fim

Num verdadeiro festim

De atrocidades

Em todas as idades

Invadindo cidades

E ali no quarto escuro

Num silêncio puro

Nos olhos ainda abertos

Surge uma lágrima

Matéria-prima

De uma rima

Que não vai dar em nada

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 29/08/2015
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