O VAMPIRO

Meu sangue é um sorvete
de framboesa
e meus olhos estão
perdidos na escuridão.
Sorrateiro persigo
os corpos fardados das colegiais.

Como riem elas.
Na parada de ônibus, parecem
um bando de jandaias.
Gaiatas e elétricas,
prendem a minha atenção.
Persigo-as.

Moram na periferia da cidade,
mas dentro de meu coração
há muito espaço vazio.
Muito vazio a ser preenchido
há em minha alma
vampiresca.

Mas o sol da manhã me espanta:
fujo para o meu ataúde
e, dedilhando um alaúde,
tento, em vão, dormir.