Paixão Platônica

Meu amor é tolo,

é um verso perdido entre parábolas,

uma palavra tragada por um dicionário,

sentidos sem eloquencia na distorção da vida,

vejo seu rosto e sei que jamais serás minha,

mesmo assim continuo mantendo essa parva esperança...

Como um quixotesco personagem de uma ficção sem leitores,

cruzo um oceano de lágrimas em um barquinho de papel,

me vejo afundando enquanto espero a bóia que não virá,

repassando cada gesto seu, cada sorriso como em um filme,

quando o The End encerra as luzes e a cortina,

sou apenas um espectador apaixonado sem retribuição...

Meu amor é irreal,

um rabisco numa parede de pinturas rupestres,

uma trova entoada debaixo de uma torrencial tempestade,

frieza e aspereza me respondem a cada estrofe,

admiro sua beleza e sei que jamais estarás comigo,

mesmo assim continuo insistindo nessa ausência de razão...

Como um anti-herói tropeçando em si mesmo,

um coadjuvante sem falas numa película em P&B,

batendo no vidro da janela para despertar sua atenção,

entregando meu coração numa bandeja de prata,

para vê-la partir sem nem ao menos olhar para trás,

deixando-me na desilusão dessa paixão platônica...