Quem vai devolver o meu rio?

Nascido e criado às suas margens,

em Colatina, quando as linhas do trem,

passavam no seu centro

e parava tudo quando os trens passavam,

o de passageiros, levando e trazendo sonhos,

os enormes vagões carregados de minério

e também de bois, a serviço do desenvolvimento,

mas lamento, todos lamentamos pela lama,

vinda de Mariana, mas poderia chamar-se Rosana,

Suzana, Profana, pois pouco importa o nome

da irresponsabilidade humana.

Coitadinho do meu rio,

que já andava tão doentinho,

graças ás más mentes que nunca se ressentem

pelas tragédias anuncidas

e nem pelas vidas interrompidas,

vidas em todos os sentidos

e ficaremos agradecidos

a quem devolver o nosso rio,

de novo limpo, saudável, recuperado

e nele ainda possamos nadar,

passear de canoa,

como já fiz com o meu velho pai

e que Deus o tenha e que esse mesmo Deus,

consiga perdoá-los, pois eu não consigo,

estou muito ressentido contigo

e não sou seu amigo e creio jamais ser nessa vida,

porque vocês não ligam para a vida

e dessa forma, como poderia ligar pra vocês?

Depois do tietê, do Rio Doce,

qual será a próxima vítima,

dessa ganância gratuita

e vocês têm a obrigação de manter

pelo menos um rio limpo,

pois precisarão de bastante água,

no dia em que terão que lavar suas almas.

Quem vai devolver o meu rio

e quando e como,

no Estado da Divindade e do Espírito Santo?

Cada um no seu canto

e cada um com o seu pranto.