SOLIDÃO
Só e perdido vagueio por um deserto
Sem fim à vista, apenas de sol e areia,
Que me leva a destino mau e incerto,
Para onde eu vou não tenho a certeza.
Quem eu conheço, não me reconhece,
Esquecem que eu existo, inda cá estou,
Gente que sem razão assim me esquece.
Achando que não sabem quem eu sou.
Por conveniência ou falta de memória,
Fazem por esquecer tudo que a história
Tem para recordar, dos tempos já idos,
Que passei junto com os meus amigos.
Hoje, não sou mais que uma recordação
Remota que se perdeu neste nevoeiro
Da cidade, em que vivo, só e esquecido,
De alma dilacerando e coração partido.
Comigo convivo e desabafo as mágoas
Que invadem meu ego, meu bem estar,
Fico indiferente ao desprezo daqueles
Que me votaram à solidão dos deuses.
Ruy Serrano - 08.02.2016