DA FLORESTA PARA O DESERTO
Vim da floresta, onde nasci e vivi,
Entrei num deserto onde eu vegeto.
Há quatro décadas que o sucesso
Foi um bem que sem saber, perdi.
Na floresta a natureza era uma amiga
Que me dava ótima comida e guarida,
Em que vivia de bem com a sua fauna
E flora e nos seus rios eu me banhava.
No deserto, o horizonte não tem limite,
Por muito que eu caminhe, não há fim,
Sobreviver é desejo que inda subsiste,
Não sei quando e o que será de mim.
Andei com a família em busca de abrigo,
Não foi fácil, travei dura luta, foi castigo
Que não desejo a ninguém, fui ignorado
Por longo tempo e o meu futuro adiado.
Bati a muitas portas que não se abriram,
Era espreitado pelas janelas, tal animal
Curioso me achavam, nunca admitiram
Que eu fosse um ser como eles, normal.
Ruy Serrano - 07.04.2016