SOU

Sou folha branca

Sobre uma mesa esquecida,

Um tinteiro do lado, desejando

riscar minhas linhas, marcar meu compasso

E, grifar todas as entrelinhas

Sou gaivota andarilha

Rasgando os céus sem limite

Buscando um raio de sol que aqueça

Sou alma dividida, sozinha entristecida

Que ao sentir-se parcelada,

Fecha a conta e, naufraga sentida

Sou pura fantasia

Um viver sem melodia

No ritmo de uma nota só

Sou tudo e, não sou nada

Virei marmelada

Excremento