SENTIMENTO

A poluição das almas

insulta minha pessoa

insólita, cristalina,

chacinada pelo habitual.

Em suplício, desligando

do concreto, perdendo

o chão, alcançando as

nuvens, descendo às

profundezas dos mares,

planando sobre as

construções maquiavélicas.

Insana, rasgada pelo descaso

de uma fantasia,

a sonhadora transmuta-se

em palco de sonhos.

Metamorfose conferida

calha um coração exposto

as dores e malogros

de uma desilusão.

Estarrecida, petrificada,

uma luz torna-se trevas

diante dos tristes valores

da solidão agoniada, aflita.

O execrável hábito de falar

ao de calar, pensamentos

que cortam a alma

e despedaçam os sentimentos,

que persistem em esperar,

num desesperado sentir.