Perturbação

Entreguei a ti meu coração.

E fizeste pano de chão de todo sentimento nele contido.

caminhou comigo alguns quarteirões.

E em um momento qualquer, deste de ombros.

Seguiste teu caminho torto.

E eu, mais torta ainda pela desilusão, busquei seguir o meu.

Mas, pergunto-me até hoje o porquê de tanta importância,

Com alguém que nunca se importou?

Não te importara nem um segundo.

Fui apenas outra flor de teu jardim.

A desabrochar regada por teu néctar.

Algo sem explicação ou entendimento momentâneo.

Mas, que me perseguiu tanto tempo!

Foste para longe.

E como espiã, deixei.

Se és feliz, não sei.

O que sei é que ainda tento encontrar respostas.

Coisas que jamais virão embrulhadas em papel Kraft.

E endereçadas à minha porta.

Por, simplesmente, não saber mais nada ao meu respeito.

Preferi que, já que foste, foste e ponto!

Contudo, perturbas minhas noites gélidas de solidão depressiva...

Perturbas meu sono, meus sonhos.

E também meus pensamentos tortos, no meio do dia.

Cobras-me uma falsa felicidade de meus olhos,

Quando ecoas ao mundo uma total felicitação d'alma.

Não sei em que acreditar.

Não quero, no fundo, quebrar a cabeça com isso.

Já me feri noites e noites, tentando decifrar tuas incógnitas.

E me cansei.

De uma tal maneira a querer reclusar-me.

Hoje, minha casa é meu refúgio.

E as lembranças, pequeninos meio-sorrisos a brotar no canto dos lábios, vez ou outra.

Já as gigantescas perguntas a serem respondidas?

Essas vão se formulando e desfazendo-se.

Como casinhas de massinha de modelar,

Moldadas à revelia, à rebeldia dos meus humores.

Guardadas tão somente para momentos de perturbação d'alma, como agora...

HELOISA ARMANNI
Enviado por HELOISA ARMANNI em 02/06/2016
Código do texto: T5655105
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