ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS
Não sei o que procuro,
Está tão escuro,
Que não encontro,
Fiquei bem tonto.
Ando às apalpadelas,
Toco em panelas,
Sem tampo e sem fundo,
É um desgosto profundo.
Desci às entranhas da terra,
Só encontrei esqueletos,
De gente doutra era,
Objectos obsoletos.
O tempo mudou, nuvens
Negras passam velozes,
Vêm expulsas do Sul,
São nuvens atrozes.
Já não existem amores,
Nem viçosas flores,
Há arbustos com espinhos,
Vidas postas em desalinho.
Os tambores já não tocam,
Fugiram os lobos dos tiros,
Ficaram sem as suas tocas,
Já não se banham nos rios.
Rios que se perdem nas terras
Cultivadas de trigo,
Nas margens do rio Tejo,
Que eu há muito persigo.
Ruy Serrano - 14.07.2016