A Morte do Palhaço

Pode a vida, o Brasil, o mundo inteiro

Ter virado um imenso picadeiro

Pode tudo terminar em palhaçada

Já que nesta sua vida não sou nada

No trapézio o palhaço perde a graça

Dá um mortal e no chão se esborracha

Procura na platéia um sorriso

Procura loucamente, mas não acha

Sob ébrios devaneios, enfeitiçado

Entrou na hora errada o mal amado

Ninguém viu sua queda, foi em vão

Vazia a arquibancada e o salão

Pulmão afogado em fantasia

Quis gritar, mas o grito não saía

Vermelho sangue do nariz rachado

Mancha sombria no sorriso maquiado

Uma costela perfurando o coração

E a Dona ingrata quer pipoca e algodão

E enquanto a Morte o arrasta pela estrada

É apenas dela que se ouve a gargalhada