Desidratação

Queria, que por um dia

A poesia fosse um pouco mais que isso

Um grito rouco e sedento em meio ao deserto

Clamando por cada minúscula gota de atenção

Pobre língua...

Tão seca e rachada,

Nunca será saciada

Desidratação emocional

Que jeito triste de morrer

Sem cova ou sepulcro

Nem lágrima ou soluço

Indigência

Um nome esquecido no tempo

Palavras escritas na areia

Não irão prosperar

E a frase mais bonita

Que fiz especialmente para você

Nessa implacável manhã de domingo

Adormecerá para sempre comigo

Ou quem sabe o vento me faça um último favor

E a carregue suavemente até a borda de sua janela

Tão delicada e enfeitada de flores

Você irá escutá-la?

Ou terá o vento trabalhado em vão?