Catarina

Olá, por onde andou você todo esse tempo?

Nem me fale! Posso presumir de seus olhos o prazer.

Não abras tua boca tantas vezes beijada, admirada, vigiada...

Eu posso crer que nem todos foram tão bons, como nem tudo meã.

Catarina, Catarina... ai! Ai!

Quisera eu tivesse sido aqueles lábios!

Ai! Catarina, sei não! Acho melhor nem olhar assim tanto.

Mas nina, por onde ondou o juízo teu, que ensopaste meu leito de dor?

Minhas lágrimas são lentes, agora sim, o são.

Catarina até as minhas palavras tornaram-se uníssonas se falo de ti,

São mil coisas agarradas, mil agarrados de braços que me mandaram ir.

Ah! Insolentes minutos que me perturbam e aleijam os meus pensamentos.

Não! Catarina, não!

Não te achegues para tão perto assim. Não sabes que o mal se veste de luz?

Ah! Mas essa tua pele, tão macia quanto a pluma.

Não! Eu não volto mais desse meu caminho, e não quero mais teus beijos.

Essas roupas, essa maquiagem, essas unhas de sangue vivo, essas sobras de teus olhos, obscuros olhos, ah! Catarina, e essas pernas, e esses cachos de ondas muito bem servidos, e essa boca com essa voz tão macia que me traspassa a alma e os sentidos, Catarina, solte-me agora, e... adeus.