O Mérito da Questão, Sumanos

Belém, 03 de novembro de 2016.

Oh Sumana,

vê que frio!

caiu o botão de tua camisa,

coitada era a única destes tempos,

lembra do auge de tuas roupas

belos bordados a rodopiar

a iluminar o salão

roda

roda

roda

Ei Sumano,

que que foi?

o preço da farinha não tá bom?

lembra da época que a casa

quase mantinha-se sozinha

apesar da injustiça de fora

o custo da vida nem sei

torra

torra

torra

Êh suprimo,

teu filho tá na TV

parece que é celebridade

de cara pro chão

colorada lágrima

beija a terra dos sem fim

imagina a serra

Ou a várzea

cigarras

cigarras

cigarras

Por mais que eu deseje

ó comadre

que teu futuro te bem sirva

um teto

um gesto

sem a letra não decidirás qual céu

sem a letra não contarás a chuva

sem o amor à palavra te chegará o NUNCA

sem a letra não terás bom abrigo

sem a letra não irás colher

sem a letra não evitarás o furto

Uns óculos escuros disseram

que tens que sair ou nem mesmo entrar

sem a letra não irás enfrentar tais óculos

sem o número

não saberás o quanto podes

sem a frase certa

não saberás o caminho das pedras

sem a boa carta não brigarás pelo pão

não pularás pelo mundo

sem a letra, o número

sem o amor

sem o caderno

sem um risco

que te avises para onde vais

E sereno o mundo gira

E serenos outros terrenos

Terrenos sem sangue irrigados

E sim uma água inocente

Inodora, insípida, incolor

Que o sol produz arco - íris

A íris de olhar tranquilo

Para uma outra civilização

Sem ódio sem classe

Sem hipocrisia

Com a utopia prática

Dos bem aventurados

Amém

Oxalá

Quem Odera