E.

Eu vi as lágrimas nascerem,

Crescerem e se avolumarem

E ousadas deslizarem

Desfilarem em meu rosto

Eu vi os sonhos sorrirem

Se juntarem e se unirem

Até virarem Esperança

Eu ouvi a tua voz

Até decorar a sua acústica

Até que ela se tornou música

Uma canção que eu não sabia cantar

E vi tantas vezes seu sorriso

Que ele já se tornou o mais lindo

Em que já pousei o olhar

Mas às vezes, nada basta e nada resta

Nem os vãos, desvãos e frestas

Uma palavra e a Esperança é destruída

Sonhos gritando em grotesca agonia

Um gesto gera a lágrima

O oceano dentro de uma gota d'agua

Um silêncio e não há mais canção

A Dor valsando, enamorando a Solidão

A realidade é uma espada

Encravada em meu coração

A verdade é uma adaga

Que não quero ter em mãos

Diz o nome certo

E eu vou pra perto

E desse jeito não me perco

Me esconde no teu peito

Me ama do meu jeito

Me dá, o que é meu de direito

Mais uma vez acreditei naquilo que não existia

Mais uma vez esperei aquilo que não havia

Mais uma vez me enganei e me entreguei mais do que devia

Eu só queria ter suas mãos nas minhas

Eu só queria desistir e descansar em seus braços

E descobrir sem pressa os sabores de seus lábios

Eu só queria me embrenhar nos caminhos do teu corpo

E tatuar na minha retina todas as linhas do seu rosto

Mas os seus sorrisos não eram meus

Nem seus beijos queriam o calor dos meus

E meu coração chorou desconsolado

A imensa dor de não ser amado

Não era meu nome que tua voz chamava

Não era pra mim a canção que você cantava

Não era eu quem sua fantasia sonhava

Mas fui eu, que te aceitei porque te amava

É minha a face em que passeiam as lágrimas

Pérolas solitárias, vindas de um mar distante

Carcereiras da lembrança de um instante

Foi o Amor que me iludiu ou eu que me deixei levar?

Será que é preciso perder para só então se aprender a ganhar?

Será que é preciso sofrer pelo prazer de amar?

Sem respostas, dou de costas

Tenho a noite inteira pela frente, tem você na minha mente

Mas não te tenho em minha cama

E como brasa em fogo ardente, como o delírio de um demente,

É assim que meu coração te ama.

Lady Loen
Enviado por Lady Loen em 27/07/2007
Reeditado em 27/07/2007
Código do texto: T581657