Fado
eu deixei
e saí
inúmeras vezes
do meu próprio ser
repetição infinda de padrões
que pulsam
se desfazem
tornam-se líquidos, sólidos, gelatinosos
em mim
eu vejo mas ninguém percebe
eu sinto o caótico soprar do porvir de uma desgraça
e o âmago, aflito pela tenaz sensibilidade daquilo que me rodeia,
alerta num clamor quase inaudível
que o que vivo, sinto, sofro
é o fado
criado por ninguém mais
senão por mim.