Melancólica
Sentada sobre a cama ainda desfeita.
Teu olhar é um extremo vazio.
Os cabelos e as unhas descoloridos.
A murmurar cruéis palavras suspeitas.
Seu batom num lábio desvanecia.
Sorriam-lhe todos os espelhos.
Entre luzes e sombras erradias.
A refletir sua pele empalidecida.
Uns dizem que ela quis atravessar
A pé a estrada cheia de bichos
Não se pode esperar demais do paraíso.
Se o tempo é sucessão e essa é a mudança.
Por isso a eternidade mexe tanto com os calendários da paixão.
Do enevoado céu impenetrável, seus olhos úmidos contemplam o azul.
Será que esse menino de ar solene
Sabe algo do desastre dessa noite?
Aqui sigo descalça, mas vestida.
O renascer de uma flor no Jardim.
Guardo os versos de Shakespeare na estante
Mas ainda não é a hora de dormir